março 11, 2006

Balanço da 1ª Palestra

No passado dia 27 de Fevereiro, o Auditório da FBAUL foi palco para uma palestra pelo professor da faculdade, Fernando António Batista Pereira. Aceitando o convite do Núcleo de Escultura, o professor muito nos honrou naquele que foi o primeiro acto público do Núcleo.

Partindo da escultura que foi o tema primeiro e centra da palestra (o monumento ao Visconde de Valmor, ao Lg. Das Belas-Artes), o imensurável conhecimento da História do nosso País, pelo qual o orador é há muito sobejamente aplaudido, elucidou todos os presentes num discurso a que nos tem habituado ao longo da sua carreira, de encanto e maravilhamento pela clareza e amplitude dos assuntos sobre que versa.

Durante cerca de uma hora, todos quantos tiveram o privilégio de assistir à palestra do professor, se sentiram envolvidos e integrados na história da Escultura Pública portuguesa dos séculos XVIII e XIX.

Começando por referir o facto de que a actual colocação da escultura não a dignifica tanto como em tempos, o professor mostrou a sua indignação respeitante ao moo como se encontra colocada e coo foi transformado o espaço à sua volta. Referiu o facto de, curiosamente, a escultura ter estado muito mais destacada aquando das obras de reconstituição do Largo, em que o monumento se viu obrigado a ficar encostado à parede do Convento de S. Francisco. Para além deste, um outro pormenor lhe retirou destaque – o desaparecimento do pequeno espaço relvado sobre o qual se encontrava antigamente. O Arquitecto Siza Vieira, responsável pela requalificação do Largo, retirou importância ao monumento, passando-a para a belíssima árvore em redor da qual construiu um banco; um comportamento típico do arquitecto nas suas obras.

Outro erro incompreensível para o professor é a rede que circunda o poço do Largo, que tem um aspecto paupérrimo e estraga por completo a estética do espaço. Na usa opinião, o Arquitecto deveria ser chamado de novo a intervir, por modo a minorar a poluição visual que aquele gradeamento provoca no Largo minimal de Siza Vieira.

O professor elucidou os presentes ao afirmar que, para o Arquitecto Siza Vieira, a verdadeira estrela do Largo minimal é a árvore, sendo que o monumento não é mais do que um elemento incómodo para o qual foi necessário encontrar um espaço.

A propósito da mancha cromática que a patine verde do bronze faz contra o verde da folhagem da árvore, este borrão que torna imperceptíveis os limites do busto, o professor recordou a triste substituição do monumento a Eça de Queirós, no Lg. do Barão de Quintela. Outrora em pedra e projectado para pedra, ao ser substituído sem se ter transformado a envolvência, esse monumento perdeu todo o destaque e até mesmo o conceito escultórico que o fez nascer.

O professor fez uma leitura interessantíssima do problema, propondo sempre soluções diversas às encontradas para cada caso.

O olhar atento e denunciador do nosso orador aliou-se à sua cultura vastíssima e ao discurso envolvente a que nos habituou desde sempre, fazendo daquela hora uma viagem à escultura pública dos últimos séculos portugueses.


As pessoas que chegaram já depois do início ficaram com os restantes até ao último momento, completamente absortas do resto do mundo, saindo do Auditório muito mais esclarecidos e cheios da iniciativa com que o orador nos impregnou. Apelou a que denunciemos os casos flagrantes como estes dois aqui explicados, da Escultura Pública Portuguesa e também a que sejamos capazes de melhorar o panorama actual. Ensinou a observar, contestar e saber solucionar os problemas mais notórios com os exemplos que deu e com toda a sua iniciativa. Nunca se esperou menos do professor Fernando António Batista Pereira do que esta sua capacidade interventiva e o modo apaixonado de falar sobre a História da Arte Portuguesa.

Uma vez mais frisamos o quanto nos honrou pela magnífica palestra que, por ser a primeira se esperava menos procurada. Ainda assim e com toda a certeza devido ao orador escolhido, foi um sucesso maior do que o esperado. Extremamente aplaudida pelos professores e alunos presentes, bem como pelas pessoas externas à faculdade que mais tarde enviaram ao núcleo de Escultura o maiores cumprimentos, parabéns sinceros e demonstraram todo o interesse nas actividades futuras. Aqueles que não puderam comparecer demonstraram pena depois de escutar críticas tão positivas e recebemos já, inclusive, contactos de pessoas que se mostraram interessadas em assistir às próximas actividades, entusiasmadas com os comentários dos que assistiram a esta palestra.

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